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Criancice
Criancice é uma coisa
que o adulto acha
que é idiotice.
Quem não foi criança
não tem coisa boa
na lembrança.
Não tomou banho no rio,
nem banho de chuva...
E não leu: Ivo viu
a uva.
AJ Cardiais
03.03.2012
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O Pum do Gambá
O sapo encheu o papo
para coaxar
e recebeu um sopapo
de um gambá.
O gambá quer dormir
mas com barulho não dá.
Então o grilo a sorrir
começou a arreliar.
O grilo é tão engraçado,
que fez todo mundo gargalhar.
Mas o gambá, irritado,
com todos quis brigar.
Porém o gambá é tão fraquinho...
Como pode ele, sozinho,
enfrentar a bicharada?
O gambá olhou um por um...
Depois soltou um pum
que todos saíram em disparada.
para coaxar
e recebeu um sopapo
de um gambá.
O gambá quer dormir
mas com barulho não dá.
Então o grilo a sorrir
começou a arreliar.
O grilo é tão engraçado,
que fez todo mundo gargalhar.
Mas o gambá, irritado,
com todos quis brigar.
Porém o gambá é tão fraquinho...
Como pode ele, sozinho,
enfrentar a bicharada?
O gambá olhou um por um...
Depois soltou um pum
que todos saíram em disparada.
AJ Cardiais
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Profissão de Criança
Criança adora ser herói...
E quer ser tanta coisa
que até dói.
Quer ser bombeiro,
policial, delegado,
médico, dentista,
engenheiro, advogado...
Se vai ao circo,
quer ser trapezista.
Se gosta de um ator,
quer ser artista...
Nem falo em jogador,
porque todos querem jogar.
Outro quer ser cantor,
porque gosta de cantar.
Se pega um trem,
logo quer ser maquinista.
Quando vê um caminhão,
sonha em ser motorista
e viajar por este mundão...
E assim segue a criança
sempre mudando de profissão.
AJ Cardiais
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No Reino do Faz de Conta
Tire os pés do chão
e viaje no sonho.
Ligue a imaginação
enquanto componho.
Viaje num trem bala,
sem sair da sala.
Tira a fantasia
de dentro da mala.
O sonho se instala
com facilidade.
O perfume que exala
é de felicidade.
Tire os pés do chão
e entre no mundo
do faz de conta.
Lá tem sapo trapalhão,
cão vagabundo
e a bicharada apronta.
AJ Cardiais
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Palavras Soltas
O meu caderno é um quartel...
Se deixo as palavras soltas,
elas saem como loucas.
Então eu as prendo no papel.
Não sou nenhum coronel.
Mas prender palavras é comigo.
Elas soltas são um perigo,
vão fazer um escarcéu.
Não jogo palavras ao léu...
Palavras têm serventia.
Serve até para fantasia!
Então caiu a sopa no mel:
transformo-as em poesia
e deixo brincarem no céu.
AJ Cardiais
imagem: aj cardiais
Ao Gatinho, Todo Carinho
Aqui em casa agora é assim:
antes de cuidar de mim,
tenho que cuidar do gatinho.
O danado não me deixa
um instantinho...
Se eu quiser ficar sozinho,
tenho que alimentar o gatinho.
Ele vai aonde eu vou,
ele está onde eu estou...
Se eu quiser ficar sozinho,
tenho que alimentar o gatinho.
Mas eu gosto do bichinho.
Fica nos meus pés, me olhando...
Não sei o que ele está pensando,
só sinto que me olha com carinho.
Mas quando eu descuido
acabo pisando
no pobre gatinho.
AJ Cardiais
Meu neto ganhou um gatinho...
Foi bom, porque lá em casa
tem uns ratinhos.
Mas meu neto
vive cheio de carinhos.
Não larga um só instante
do pobre bichinho.
Coitado do gatinho...
Está vivendo sufocado.
Ele nunca fica sozinho,
meu neto logo fica preocupado.
E eu, que esperava que o ratinho
fosse correr atrás dos ratinhos,
fico com pena do bichinho
ao ver o que meu neto
faz com o pobrezinho.
AJ Cardiais

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A Galinha Bem Comportadinha

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Quartel da Poesia
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Um Gatinho Contra os Ratinhos
Foi bom, porque lá em casa
tem uns ratinhos.
Mas meu neto
vive cheio de carinhos.
Não larga um só instante
do pobre bichinho.
Coitado do gatinho...
Está vivendo sufocado.
Ele nunca fica sozinho,
meu neto logo fica preocupado.
E eu, que esperava que o ratinho
fosse correr atrás dos ratinhos,
fico com pena do bichinho
ao ver o que meu neto
faz com o pobrezinho.
AJ Cardiais

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O Gatão
Um gatão,
pula no chão,
observa-me assustado
faz xixi no portão
e sem entender
fico intrigado.
Olha-me com carinho
invade o canteiro
com seu passinho
de gato matreiro.
Ele solta um miado
muito esquisito...
Eu fico assustado
e grito aflito:
Qual é a sua gato?
O que foi que te deu?
E ele volta, num salto,
por onde desceu.
AJ Cardiais
imagem: lara - aj cardiais
O Reinado de Lara - a Gata
imagem: lara - aj cardiais
O Reinado de Lara - a Gata
Lara está começando
a reinar lá em casa...
Já está até dormindo
na nossa cama!
Minha mulher reclama.
Eu, não digo nada...
Eu gosto de ver
a gatinha sossegada.
Quando ela está dormindo
fico observando...
E fico rindo
quando ela está sonhando.
Ela parece estar brincando
com alguma coisa.
Interromper o sono dela?
Quem é que ousa?
AJ Cardiais
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A Galinha Bem Comportadinha
Uma galinha
bem comportadinha
observa
meu comportamento...
Ela não é minha
e, em nenhum momento,
mostrou-se assustada.
Ficou sim, bem comportada,
assentada,
observando
meus movimentos.
Ela parecia estar
se perguntando:
o que esse cara está fazendo?
Bem, a galinha,
não sei se está pensando...
Mas estou aproveitando
e escrevendo.
AJ Cardiais
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Saparia
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A Ponte Aponta
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Saparia
Esta poesia
não leva a nada.
Dá uma “frizada”
na saparia.
Esta poesia
não é e nem foi.
É só a cantoria
do sapo boi:
-“Meu pai foi rei” – “Foi!”
-“Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”. **
** Os Sapos
Manuel Bandeira
Em: Estrela da Vida Inteira -
(Poesias Reunidas)
AJ Cardiais
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O Comportamento do Gatinho
O gatinho lá de casa
está muito danadinho.
Só quer saber
de nos arranhar
e nos morder.
O gatinho está
que é só agressividade...
O que fazer,
com o bichinho?
Bater seria maldade...
Daí eu me lembrei
que nós somos animais também...
Então,
vou conversar com o gatinho
olhando olho no olho
e mostrando toda situação:
Olhe, estou lhe tratando
com carinho...
Se você continuar agressivo,
vai acabar ficando sozinho.
E depois é esperar para ver
como irá se comportar
o nosso gatinho.
AJ Cardiais
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O Comportamento do Gatinho
O gatinho lá de casa
está muito danadinho.
Só quer saber
de nos arranhar
e nos morder.
O gatinho está
que é só agressividade...
O que fazer,
com o bichinho?
Bater seria maldade...
Daí eu me lembrei
que nós somos animais também...
Então,
vou conversar com o gatinho
olhando olho no olho
e mostrando toda situação:
Olhe, estou lhe tratando
com carinho...
Se você continuar agressivo,
vai acabar ficando sozinho.
E depois é esperar para ver
como irá se comportar
o nosso gatinho.
AJ Cardiais
A Ponte Aponta
A ponte aponta pros lados.
É um risco atravessado,
ligando as pontas
de cada lado.
São braços abertos
que fazem os lados
ficarem perto.
AJ Cardiais

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Quartel da Poesia
Eu sou poeta
e faço "paradas"
no papel.
No meu quartel
servem letras
e palavras.
Todas são bravas
quando comandadas
pelos versos.
Na minha companhia,
o comandante geral
é a poesia.
Ela comanda
um batalhão
de fantasia.
e faço "paradas"
no papel.
No meu quartel
servem letras
e palavras.
Todas são bravas
quando comandadas
pelos versos.
Na minha companhia,
o comandante geral
é a poesia.
Ela comanda
um batalhão
de fantasia.
AJ Cardiais
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Observações Pueris - I
A água da roupa lavada,
pinga em um plástico
e faz zoada.
Uma criancinha fica observando,
admirada...
Ela deve estar se perguntando:
Como está caindo água,
se não está chovendo
nem nada?
AJ Cardiais
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Observações Pueris - II
Uma criancinha
que nunca tinha
visto uma galinha,
corre chamando a mãe...
Ela diz, esbaforida:
minha mãe,
venha ver um bicho
que você nunca viu
na sua vida!
AJ Cardiais
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Escrevendo Para Criança
Quando escrevo para criança,
coloco o texto na balança
e vejo o peso que tem.
Se pesar, não vai prestar...
Se ficar leve,
não prestará também.
Criança é que nem ninguém:
não sabe o que quer,
mas sabendo muito bem
o que não quer.
AJ Cardiais
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Dr. Problema
Eu sou o Dr. Problema...
Sou PHD em complicações.
A minha principal função
é dar trabalho.
Por onde estou,
sempre há confusão...
Dou trabalho ao empregado
e ao patrão.
Onde eu chego,
nada fica parado...
Fica tudo agitado:
é gente correndo, desordenada,
é gente chorando,
é gente rezando
e fazendo promessa...
É confusão à beça.
Dou trabalho à policia,
dou trabalho ao doutor...
Eu deveria ser chamado
era de empregador,
tamanho a quantidade
de trabalho que eu dou...
Eu sou isso, sou trabalhador.
Crio trabalho para todo mundo:
do servente, ao doutor
Sou PHD em complicações.
A minha principal função
é dar trabalho.
Por onde estou,
sempre há confusão...
Dou trabalho ao empregado
e ao patrão.
Onde eu chego,
nada fica parado...
Fica tudo agitado:
é gente correndo, desordenada,
é gente chorando,
é gente rezando
e fazendo promessa...
É confusão à beça.
Dou trabalho à policia,
dou trabalho ao doutor...
Eu deveria ser chamado
era de empregador,
tamanho a quantidade
de trabalho que eu dou...
Eu sou isso, sou trabalhador.
Crio trabalho para todo mundo:
do servente, ao doutor
A aranha espreita a mosca,
que não é besta,
nem dorme de touca.
nem dorme de touca.
A mosca espreita a aranha
que, na manha,
finge-se de morta.
A mosca, de touca...
A aranha, na manha...
A mosca se enrosca,
a aranha ganha.
AJ Cardiais
Gato,
rima com
rato.
Eles só rimam,
não brincam.
Eles brigam
de fato.
O gato
dá um salto,
abocanha o rato,
e fim de papo.
AJ Cardiais
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Só de Brincadeira
Brinco de rimar
escrevendo no ar
palavras vis.
Para me consolar
procuro imaginar
que estou com um giz.
Um gatinho vivia correndo
atrás de um ratinho de brinquedo...
Quando ficou sabendo
do segredo,
foi logo falando:
ah, eu estava brincando.
Diga sempre bom dia,
mesmo estando chovendo.
Assim o dia acaba ouvindo
e não vai ficar entendendo.
Aí o dia fica pensando:
como é que estou chovendo,
e este povo está gostando?
Não estou acreditando
no que estou escutando...
Agora vou mandar é sol!
Quero ver esse povo
ficar é reclamando.
Quando eu tento agradar,
o povo fica me xingando!
Agora vou é pirraçar...
Vou fazer de tudo
só para contrariar.
Alguém gritou: minha mãe!
Muitas mães correram
para atender.
Alguém gritou: meu pai!
Muitos pais correram
para ver...
E assim deve acontecer
no meio dos animais
que têm filhotes:
Quando os filhos
chamam pelos pais,
os pais dão logo
seus “pinotes”.
Uma arvorezinha
passou a vida todinha
à sombra de um arvoredo.
Ela não sentia medo,
pois vivia no sossego.
Um belo dia, o dono da casa
derrubou a arvoredo,
porque estava fazendo
muita sombra.
Aí a arvorezinha se assombra
e se deslumbra
quando vê o sol...
Descobre-se então um segredo:
à sombra do arvoredo
ela não se desenvolvia.
Ela por isso
que ela não crescia.
AJ Cardiais
imagem: google
Criança se Exibindo
O antônimo de bonito
é feio.
O sinônimo de peito
é seio.
O antônimo de vazio
é cheio.
O sinônimo de metade
é meio.
O contrário de foi
é veio.
Pra mostrar que sei ler
eu leio.
AJ Cardiais
imagem: giro - de marcelo moura
Historinha da Poesia
imagem: giro - de marcelo moura
Historinha da Poesia
A poesia de antigamente
era muito exigente.
Era mais matemática
do que poética.
Ela exibia uma plástica
e exigia um métrica.
Até chegar o Modernísmo
e, num ato de heroísmo,
livrar a poesia
de todas essas vaidades...
Passados alguns anos
outros poetas,
por capricho ou por engano,
quiseram ditar
nova ordem à poesia:
Veio o Concretísmo,
o Praxísmo, o Poema/Processo...
Alguns queriam até
acabar com os versos...
Mas a Poesia, depois de liberta
não aceitou essas linguagens.
Viu que era tudo bobagens
de alguns poetas elitistas.
A poesia pegou suas malas
e fez várias viagens...
Visitou novas paiságens
e misturou-se aos plebeus...
E dessa mistura
nasceu muita loucura,
muitos poemas pobres...
Inclusive os meus.
AJ Cardiais
imagem: google
Palavra: Um Poema Supérfluo
Deturpadas palavras más
que dicionários vão engolir,
poemas supérflous hão de exibir
todas as palavras. Mas...
O abdômen, inimigo do homem,
e a barriga, aquela nossa amiga,
estão na maior briga
por causa de um nome.
O nome: substantivo desconhecido,
de pai e mãe abstratos.
Muitos nomes, muitos retratos,
de fome e de povo subdesenvolvido.
Nome feio equivale a palavrão:
Paralelepípedo, inverossimilhança...
Mas, nome feio para a criança
é aquele que não se pode dar não.
Grito: rimas! Rimas à mão cheia!
Com as mãos cheias de calos.
Brigo, xingo, ofendo os cavalos:
sou louco... Sou louco não, creia.
AJ Cardiais
A porta
imaginava-se
torta...
A faca vem e corta
a imaginação
da porta...
A porta agora,
sem imaginação,
está morta.
AJ Cardiais
Era mais matemática
do que poética.
Ela exibia uma plástica
e exigia um métrica.
Até chegar o Modernísmo
e, num ato de heroísmo,
livrar a poesia
de todas essas vaidades...
Passados alguns anos
outros poetas,
por capricho ou por engano,
quiseram ditar
nova ordem à poesia:
Veio o Concretísmo,
o Praxísmo, o Poema/Processo...
Alguns queriam até
acabar com os versos...
Mas a Poesia, depois de liberta
não aceitou essas linguagens.
Viu que era tudo bobagens
de alguns poetas elitistas.
A poesia pegou suas malas
e fez várias viagens...
Visitou novas paiságens
e misturou-se aos plebeus...
E dessa mistura
nasceu muita loucura,
muitos poemas pobres...
Inclusive os meus.
AJ Cardiais
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Palavra: Um Poema Supérfluo
Deturpadas palavras más
que dicionários vão engolir,
poemas supérflous hão de exibir
todas as palavras. Mas...
O abdômen, inimigo do homem,
e a barriga, aquela nossa amiga,
estão na maior briga
por causa de um nome.
O nome: substantivo desconhecido,
de pai e mãe abstratos.
Muitos nomes, muitos retratos,
de fome e de povo subdesenvolvido.
Nome feio equivale a palavrão:
Paralelepípedo, inverossimilhança...
Mas, nome feio para a criança
é aquele que não se pode dar não.
Grito: rimas! Rimas à mão cheia!
Com as mãos cheias de calos.
Brigo, xingo, ofendo os cavalos:
sou louco... Sou louco não, creia.
AJ Cardiais
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A Imaginação da Porta
imaginava-se
torta...
A faca vem e corta
a imaginação
da porta...
A porta agora,
sem imaginação,
está morta.
AJ Cardiais
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